A alfabetização é um dos pilares fundamentais na formação educacional das crianças, mas, segundo o último Alfabetiza Brasil, apenas quatro em cada 10 crianças estão devidamente alfabetizadas no país. Isso representa um desafio significativo para a educação brasileira, que busca melhorar esses números. No entanto, além dos investimentos sinalizados pelo governo, a tecnologia surge como uma aliada poderosa no processo de alfabetização na primeira infância.
Liliane Fernanda Ferreira, diretora da B2G, distribuidora da marca Quinyx, que fornece produtos de tecnologia educacional para governos e iniciativa privada, explica que ferramentas como a Mesinha Digital, por exemplo, desempenham um papel significativo na alfabetização de crianças, oferecendo abordagens interativas e envolventes.
Entre os benefícios dessas ferramentas digitais, destacam-se o aprendizado multissensorial, interatividade lúdica, personalização do processo, feedback imediato, associação visual e fonética, desenvolvimento da coordenação motora, expansão do vocabulário, preparação para leitura e escrita, acesso a recursos diversificados e motivação para aprender.
"Combinando elementos visuais, auditivos e táteis, os equipamentos reforçam a associação entre letras, sons e formas, ao mesmo tempo que a base lúdica das atividades cativa a atenção das crianças. Além disso, as ferramentas digitais podem ser adaptadas às necessidades individuais, e oferecem recursos como histórias, jogos e quebra-cabeças. Tudo isso enriquece a experiência de aprendizado das crianças, tornando a alfabetização mais envolvente, interativa e acessível", afirma Liliane.
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Para potencializar o uso de ferramentas digitais na sala de aula, paralelamente, as famílias também podem usar aplicativos desenvolvidos especialmente para essa fase. Um deles é o Letrix, no qual as letras do alfabeto são apresentadas de forma aleatória, e é preciso reconhecê-las, identificá-las dentre as opções apresentadas e selecioná-las, para então resgatá-las antes que elas toquem o chão.
Já no Quiz Alfabetização, o mediador pode elaborar perguntas alinhadas ao conteúdo da sala de aula. É possível cadastrar várias perguntas. Há ainda o MemoLetras, um jogo da memória das vogais, que possibilita escolher o nível de dificuldade aumentando o número de cartas.
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Sabendo que o uso de telas por crianças é uma preocupação e merece todo cuidado, Liliane explica que a idade recomendada para o uso da Mesinha Digital pode variar dependendo das características específicas do contexto e das habilidades da criança.
"Geralmente, a Mesinha Digital é indicada para crianças a partir de três anos de idade. Nessa fase, elas estão começando a desenvolver habilidades motoras finas e coordenação olho-mão, o que lhes permite interagir de forma mais eficaz com a tela sensível ao toque. Sempre é recomendado o uso supervisionado para garantir que a experiência seja segura e apropriada", afirma.
E os benefícios também se estendem a crianças já um pouco mais velhas, até mesmo pré-adolescentes, dependendo das atividades e dos aplicativos disponíveis. A executiva afirma que a ferramenta pode ser adaptada com possibilidades educacionais e de entretenimento para várias fases de desenvolvimento.
"Os pais e educadores podem selecionar conteúdos apropriados para cada faixa etária, focando em atividades que estimulem o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional à medida que as crianças crescem e desenvolvem habilidades de autonomia e discernimento", explica.
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Ana Cristina, diretora técnica da ANATO Núcleo de Terapia Ocupacional, de Tramandaí (RS), afirma que a experiência com o uso da Mesinha Digital tem sido muito positiva.
"Atendemos um público infantojuvenil, em sua grande maioria com muitas limitações e déficits de desenvolvimento. Com aplicativos diversos, a Mesinha nos proporcionou atingir os interesses de todas as crianças e adolescentes que aqui são assistidos", diz.
Além de aprenderem, ela conta que os alunos se divertem e adquirem habilidades motoras, cognitivas e de socialização.
"É um excelente recurso que com certeza traz muito mais qualidade ao trabalho que ofertamos por aqui", completa.
Para a Dra. Maracelis Abilhoa da Rocha, do Centro Terapêutico Avançado, de Curitiba (PR), a mesinha digital proporciona essa imersão pelas atividades e tem potencializado os atendimentos, que ficam mais interessantes, envolventes, além de personalizados para cada criança.
"Fazemos atividades de pintura, de escuta, de história, de música, de jogos, de memória, de escrita. Todas as crianças conseguem usar. É um recurso a mais, uma atividade prazerosa", afirma.
Do ponto de vista pedagógico, Liliane, da B2G, reforça que a aprendizagem imersiva amplia a empatia e o engajamento das crianças sobre o conteúdo que estão tendo contato. Segundo a profissional, o senso de presença e participação ativa é um componente fundamental nesse processo.
"Ao vivenciar virtualmente diferentes contextos, personagens e cenários, as crianças desenvolvem uma compreensão mais profunda das situações apresentadas, o que estimula a empatia ao se identificarem com os elementos da história. Elas sentem que estão interagindo diretamente com o conteúdo, tornando-se protagonistas da própria aprendizagem, o que aumenta a motivação para explorar e compreender o conteúdo de maneira mais completa", observa.
Apesar de semelhantes, vale ressaltar que existem diferenças entre a aprendizagem imersiva e a gamificação, o que faz as duas metodologias serem complementares.
Liliane pontua que a aprendizagem imersiva envolve mergulhar os alunos em experiências realistas e interessantes, fazendo com que se sintam parte do conteúdo. Já a gamificação usa elementos de jogos, como desafios e recompensas.
"Enquanto a imersão busca criar uma conexão emocional profunda, a gamificação foca na competição e no alcance de objetivos. Ambas as abordagens podem ser combinadas para enriquecer a experiência do aprendizado", finaliza.
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Neste contexto desafiador da educação infantil, fica evidente que a tecnologia se apresenta como uma aliada valiosa para impulsionar a alfabetização e o desenvolvimento escolar das crianças. No entanto, é fundamental que escolas públicas, particulares e os profissionais que trabalham em conjunto com essas instituições reconheçam a importância de investir em ferramentas tecnológicas. Essa colaboração é essencial para proporcionar um aprendizado envolvente e personalizado, garantindo que a próxima geração alcance níveis mais elevados de alfabetização e conhecimento. Juntos, podemos construir um futuro mais brilhante para nossas crianças por meio da educação aliada à tecnologia.
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