Na data em que celebramos o Dia da Consciência Negra, lançamos luz sobre os caminhos para uma educação antirracista, inspirados pelas experiências de seis municípios brasileiros. A pesquisa "Lei 10.639/03 na prática," realizada pelo Geledés Instituto da Mulher Negra e o Instituto Alana, mergulha nas vivências de Belém (PA), Cabo Frio (RJ), Criciúma (SC), Diadema (SP), Ibitiara (BA) e Londrina (PR). Esses municípios, ao desenvolverem ações consistentes para a implementação da Lei 10.639/03, oferecem insights valiosos para uma educação antirracista desde a educação infantil. Reconhecendo a importância de iniciar a conscientização desde os primeiros anos, as lições extraídas dessas experiências apontam para um futuro mais inclusivo e igualitário.
A Lei 10.639/03, um marco no panorama educacional brasileiro, tornou obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Essa legislação representa um compromisso em desconstruir estereótipos, promover a igualdade racial e combater o racismo estrutural desde a infância. Ao inserir no currículo a diversidade étnico-racial brasileira, a lei não apenas cumpre uma demanda legal, mas também se torna uma ferramenta poderosa para educar as crianças sobre a importância da consciência negra, fomentando o respeito à diversidade e construindo bases sólidas para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Esta pesquisa é a segunda etapa do estudo sobre a atuação das Secretarias Municipais de Educação na implementação da Lei 10.639/03. Os dados revelam uma realidade preocupante: 71% das secretarias realizam pouca ou nenhuma ação para garantir a efetiva implementação da lei, mesmo após duas décadas de sua promulgação. O estudo abrangeu 1.187 Secretarias Municipais de Educação no país, evidenciando que 69% dos respondentes afirmaram que a maioria ou boa parte das escolas de suas redes realizam atividades apenas em novembro, durante o mês da Consciência Negra. Esses resultados destacam a urgência de transformações significativas na abordagem educacional, reforçando a necessidade de ações contínuas e abrangentes ao longo do ano letivo, a fim de assegurar uma educação antirracista consistente desde a infância.
Ao desbravar as experiências desses municípios, percebemos que as 10 lições para uma educação antirracista não são apenas diretrizes, mas pilares fundamentais para a construção de uma sociedade consciente e igualitária. A implementação efetiva da Lei 10.639/03 desde a educação infantil não apenas atende a um imperativo legal, mas se revela como alicerces para uma transformação profunda. O compromisso de criar crianças e jovens com consciência antirracista desde os primeiros passos na educação é um investimento no futuro, na construção de mentes críticas e cidadãos comprometidos com a equidade.
Urge a necessidade de políticas públicas eficientes que permeiem todas as esferas educacionais. O aprendizado adquirido com essas experiências municipais deve ecoar em todo o país, inspirando gestores, educadores e comunidades a unirem forças para uma educação que vá além dos livros, moldando caráteres e nutrindo valores. Somente assim, construiremos um legado de respeito, entendimento e harmonia, preparando as gerações futuras para trilhar um caminho de compreensão e justiça.
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