No Brasil, a luta contra o racismo é um desafio constante, e, infelizmente, suas raízes ainda se entrelaçam em diferentes aspectos de nossa sociedade. Em um país onde mais da metade da população se autodeclara preta e parda, é alarmante perceber o aumento de mais de 50% nas denúncias de racismo, conforme revelado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. É neste contexto que a importância da educação antirracista desde a infância ganha destaque, pois é nesse período que as bases da identidade e autoestima são construídas.
A obra "Abayomi, a Menina de Trança", de Aniete Abreu - arte-educadora, artesã, militante do movimento negro e contadora de histórias - surge como um farol nessa jornada, iluminando caminhos para sensibilizar as crianças sobre a diversidade, combater estereótipos prejudiciais e promover um entendimento profundo sobre as raízes da cultura afro-brasileira. Esta matéria explora não apenas a narrativa envolvente do livro, mas também a relevância crucial de introduzir conceitos antirracistas desde cedo, contribuindo para a formação de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A narrativa do livro segue Abayomi, cujo nome em iorubá significa "encontro precioso". A protagonista é encarregada de proteger a natureza, uma missão que a leva a interagir com notáveis personalidades negras, incluindo o renomado músico Itamar Assumpção. A história, ambientada na cidade de Tietê, São Paulo, destaca a importância de reconectar as crianças aos ensinamentos ancestrais, promovendo o respeito pela diversidade.
O nome da personagem não é apenas simbólico; remete às bonecas Abayomi, criadas dentro dos navios negreiros a partir de nós e retalhos das saias das mães escravizadas.
Desde 2015, Aniete Abreu ministra oficinas de bonecas Abayomi. Essas bonecas representam não apenas um resgate da herança da diáspora africana, mas também um manifesto socioambiental, sendo confeccionadas com materiais de descarte de empresas têxteis.
Apesar de mais da metade da população brasileira se autodeclarar preta e parda, o país ainda enfrenta desafios relacionados ao racismo, como evidenciam dados do IBGE e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O livro infantojuvenil surge como uma ferramenta para abordar a diversidade e combater o preconceito racial, promovendo valores essenciais como apreço pelas artes, cuidado com o meio ambiente e reverência pela ancestralidade.
"Abayomi, a Menina de Trança" não é apenas uma história; é um convite para diálogos importantes sobre respeito, aceitação e igualdade. A obra, com sua abordagem leve e envolvente, estimula o orgulho, promove o autoconhecimento e fortalece o senso de pertencimento das crianças. Pais, mães, familiares e educadores são convidados a incluir os pequenos nessas conversas cruciais sobre resgate histórico e educação antirracista, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ao mergulharmos na obra de Aniete Abreu, entendemos que "Abayomi, a Menina de Trança" não é apenas um livro infantojuvenil; é uma ferramenta poderosa para moldar as percepções e atitudes das crianças em relação à diversidade racial. Educação antirracista não é apenas um discurso, mas uma prática que deve começar nos primeiros anos de vida, moldando mentes curiosas e corações abertos.
Ao abordar temas tão cruciais com leveza e sensibilidade, a obra não só estimula o orgulho e a autoestima nas crianças, mas também lança as bases para uma geração que compreende a importância do respeito, aceitação e igualdade desde cedo. Ao investir na educação antirracista na infância, estamos construindo um futuro onde a diversidade é celebrada e o preconceito é desconhecido.
"Abayomi, a Menina de Trança" não é apenas uma história; é um convite para transformar a narrativa racial do Brasil, começando pela formação das próximas gerações. Uma jornada literária que não apenas encanta, mas semeia a semente da mudança, promovendo um caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva.
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