Nos últimos seis anos, o mundo viveu uma pandemia, que durou quase metade desse período. O Oriente viu novos conflitos que pareciam (ainda parecem) não ter fim. A face política de muitos países foi de 8 a 80 e de 80 a 8 de novo. A inteligência artificial chegou às mãos de todos, explodindo com o chat GPT e ganhando novos contornos com os avanços que apareceram depois. Tudo em seis anos, período que corresponde à primeira infância de uma criança.
Agora, imagine os próximos seis, dez ou até 20 anos. Daqui a duas décadas, em tese, as crianças que hoje têm de 0 a 6 anos já podem estar formadas em nível superior, pós-graduadas, no mercado de trabalho, no empreendedorismo, ou até fora dessa trilha mais tradicional da vida adulta, quem sabe.
Os rumos são muitos, mas há uma coisa em comum: todas nasceram num mundo digital e terão que lidar com tecnologia até o fim de suas vidas. Para estudar, trabalhar, se informar, se entreter, descansar, viajar, se isolar, não importa, a atmosfera digital que já nos envolve hoje será ainda mais intrínseca ao nosso dia a dia dentro dos próximos 20 anos.
Então, o que nós, enquanto pais, educadores, entusiastas ou profissionais da educação, podemos fazer? Se me permitirem opinar, acredito que temos, cada um em sua função junto à criança, o papel crucial de intermediar esse contato de forma saudável, segura e coerente a cada novo aniversário e fase de aprendizado.
Acredito que podemos e precisamos ensinar os pequenos a usar a tecnologia a favor deles desde sempre. Na primeira infância, por exemplo, talvez seja com atividades lúdicas e recursos que expandam as possibilidades visuais, auditivas e interativas; na fase seguinte, quem sabe, com provocações em exercícios que complementem e aprofundem as atividades tradicionais em sala de aula.
Se, independentemente da idade, as crianças da Geração Alpha sempre estarão expostas à tecnologia, então por que não ser o elo que as protege do uso nocivo, ajuda a compreender o poder dessas ferramentas e guia até o melhor que elas têm a oferecer?
Que fique claro: não estou falando de ensinar questões técnicas do uso físico dos dispositivos, porque isso eles já nascem entendendo perfeitamente, como nós das Gerações X, Y (Millennials), Z e Baby Boomers bem sabemos. Estou falando de auxiliar as crianças gradualmente na compreensão do poder das ferramentas digitais a que elas já têm e ainda terão acesso.
São questões de privacidade, de ponderação sobre tempo online, do uso consuntivo de informações e não para ctrl+c ctrl+v, do respeito à propriedade intelectual, do equilíbrio entre aprendizado e diversão, da capacidade de identificar fake news e ameaças em geral; em resumo, do pleno entendimento sobre a vida digital, para que elas usufruam disso da melhor forma possível em cada fase de suas vidas.
Não sei a qual geração você pertence, mas acredito que temos uma missão em comum com a Geração Alpha. Mesmo que a gente não entenda da melhor tecnologia de todos os tempos da última semana, o modo como os pequenos de hoje lidarão com cada novidade no futuro passa por nós.