Sexta, 04 de Outubro de 2024
Cultura COLUNA

Desvendando a história da 'Festa da Carne': Uma análise poética e histórica pela perspectiva pedagógica

Maria Lita traz em sua coluna a poesia em sala de aula através da Educação e Expressão Artística na infância

26/02/2024 às 11h13 Atualizada em 08/04/2024 às 12h19
Por: Maria Lita Cardozo Fonte: Maria Lita Cardozo
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Este texto pode ser especialmente útil para famílias que desejam auxiliar seus filhos em diversas atividades escolares. Imagem: Divulgação
Este texto pode ser especialmente útil para famílias que desejam auxiliar seus filhos em diversas atividades escolares. Imagem: Divulgação

 

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Festa da Carne

Neste artigo, quero falar um pouco sobre poesia em sala de aula, assunto que faz parte do meu método de trabalho, referenciado em meu livro "Brincando de aprender a Aprender Brincando" como um dos poderosos recursos pedagógicos. Isso pode ser especialmente útil para famílias que desejam auxiliar seus filhos em diversas atividades escolares.

A poesia abaixo foi produzida neste Carnaval de 2024, especialmente para uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental. Surpreendentemente, o aproveitamento foi incrível, pois foi realizada com a interação dos educandos. Discutimos cada detalhe, respondi às suas dúvidas, levantei questões e dialoguei sobre o contexto, destacando o que há de mais importante nas diversas áreas da aprendizagem no contexto ideológico, filosófico, político e sociocultural da época.

Também expliquei sobre os diversos tipos de textos e como utilizar o estilo da poesia, como rimas, métricas e estrofes, para produzir um texto histórico sem perder sua veracidade, mesmo ao lançar mão da rica licença poética, tão importante para acomodar o jogo de palavras e as melodiosas rimas, ingredientes essenciais para qualquer poeta que deseja encantar seu público.

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CARNADA

A festa da carne é um evento popular
Começou há muitos séculos que eu não quero precisar
Talvez mesmo antes de Cristo e ninguém pode negar
Quando o momento de o trabalho apresentar chega
O povo se reunia todos no mesmo lugar
Uma dica eu te revelo, você pode consultar.

Eu vou te dar uma pista para você pesquisar
Precisão não se encontra, mas não custa procurar
Mais ou menos século XI, doze, treze ou quatorze
Ou talvez até o quinze pode até chegar ao XVI
O povo simples, como sempre, precisa se alimentar
Pega dinheiro emprestado para poder se alimentar.

Trabalhava o dia inteiro sem obter seu valor
Era escravidão eterna para aquele que lhe emprestou
Não podia reclamar, pois era devedor.
E assim passava a vida sem encontrar um favor
Os que contraíam dívida perdiam tudo na vida
Seus bens mais preciosos, principalmente o amor.
Filhos, mulher e herança aumentavam sua dor
Na condição de escravos, carne eles não comiam
Trabalhavam o dia inteiro sem esperança.

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Sabiam que eram escravos e não teriam abundância
Aceitavam a condição que ali estava exposta
Viviam só de migalhas, sem buscar uma resposta
Para a economia da época, a carne tinha muito valor
O patrão, por outro lado, não podia dar ao escravo
Quebraria a regra criada na economia.

Quando a colheita era boa, o patrão se alegrava
Comemorava dando uma festa para todos os escravos
Que participavam juntos o ano inteiro, é claro que exageravam
A festa era muito boa e a cada ano aumentava
O povo ficava feliz e se esforçava em seu trabalho.
O rendimento aumentava, e o patrão agradecia
Era a festa da carnada, quando o povo então comia
E logo foi aumentando, tornando-se grandiosa
Cada vez vinha mais gente de lugares diferentes
Que traziam seus costumes dos pagãos e bacanais
Dionísio, deus do vinho, logo veio à diversão.

Na Antiguidade Clássica, no culto dos deuses gregos
Dionísio era o deus grego apresentado no teatro
Como o deus do vinho e da videira
Também dos ciclos vitais da Terra
Assim, a festa cresceu com pomposas fantasias
Todas as comemorações muito bem regadas a vinho.

Essa festa acontecia no final do inverno
No hemisfério norte, iniciando sua estação da Primavera
Que ocorre mais ou menos no mês de março
As pessoas costumavam sair dançando e cantando
Seu grito de evolução "Evoi Evoi!"...
Que se tornou "Evoe" com suas flautas e trombones
Quando se originou o grito carnavalesco
Que serve de evolução para o povo se organizar
Na grande festa de rua que até hoje é popular
Espalhou-se pelo mundo, trazendo muitas alegrias
Em cada país do mundo, adotou-se essa folia.

Mas com o tempo, foi mudando, o foco foi alterado
Já não existia carne para alguém se alimentar
De acordo com a cultura, recriam-se as fantasias
Não perdendo a alegria, apenas procurou aumentar
Em Portugal, chamou-se Entrudos e era muito popular
Pareciam mais crianças distantes dos bacanais
Brincadeiras inocentes que a ninguém magoavam
Lançando água com baldes e outras vasilhas
Limões de cheiro gostoso e até luvas com areia.

Assim foi o carnaval que o Brasil recebeu no Rio de Janeiro (1641)
E o fez por muitos anos, três dias de carnaval
Quando todos se juntavam, famílias e também escravos.
A evolução no Brasil, todos vamos pesquisar
Porque é festa do povo, queremos participar.

(Autora: Prof. Maria Lita da Silva Cardozo - Psicopedagoga e Psicoterapeuta)

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Coluna de Maria Lita Cardozo
Coluna de Maria Lita Cardozo
Sobre Maria Lita da Silva Cardozo, educadora com 26 anos de experiência, aposentou-se para abrir sua clínica particular em resposta à pandemia. Graduada em Pedagogia, especialista em Yoga e Meditação, pesquisadora das redes neurais e psicopedagoga clínica. Como colunista no Portal Primeira Educação, aborda a Psicogênese da língua escrita e a importância do Yoga em sala de aula. Seu legado inclui pesquisas na USP e apresentações na UMAPAZ, destacando-se por sua paixão pela psicologia infantil.
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