Em tempos tecnológicos, conectamos nosso piloto automático interior e assim vivemos.
Não estou aqui para julgar ou condenar a forma como as pessoas criam os seus filhos. Mas se quisermos dialogar com a diversidade e respeitar as diferenças, sejam elas quais forem - diferenças de gêneros, religião ou raça -, esse movimento se inicia em nosso lar, nos posicionando e nos desconstruindo.
Não! Isso não é uma tarefa fácil.
Imagina um grande formigueiro; queridos leitores, aparentemente nossos olhos não visualizam todo o trabalho das formigas abaixo do solo, mas acreditem, eles estão trabalhando. É assim que devemos ser e agir em família, uma grande equipe, aprendendo e alinhando nossa fala, escrita e atitude.
Sempre acreditei que é possível potencializar as crianças através de uma narrativa libertadora, apresentando às nossas pequenas questões raciais e seus problemas desde a primeira infância.
A partir dos 3 anos de idade, as crianças já conseguem construir sua subjetividade compreendendo que, no mundo, as pessoas não negras mandam, enquanto as pessoas negras obedecem. Sim, não se trata de vitimismo, mas o mundo tem uma ótica eurocêntrica ainda, tudo gira em torno de privilégios e protagonismo não negro.
Todos os projetos sócio-culturais que ministram oficinas ou em espaços pedagógicos sempre me separam da reprodução de graus profundos de colonialidade. Colonialidade do poder, do saber e do ser.
Não vou me aprofundar muito nessa questão e deixo aqui uma sugestão de leitura que aborda essa pauta, o livro da Dra. Bárbara Carine, a obra Como Ser um Educador Antirracista - Editora Planeta.
Sabe aquelas frases que falamos nas rodas de amigos, em trocas de mensagens no celular e no contexto familiar, com os nossos filhos, e que conversamos sem nem pensar? Pode parecer bobagem, mas não é! Ressignificar nosso vocabulário e conhecer a origem de muitas expressões é um ato gigante e potente, de grande importância no enfrentamento ao racismo de cada dia.
Nosso idioma foi construído sob forte influência de um período monstruoso da história, a escravização, e [as palavras] seguem sendo usadas até hoje, de forma inconsciente ou intencional. Precisamos compensar o uso de palavras e expressões que são frutos de uma construção racista.
Utilizei muito dessa metodologia aqui em casa, com o meu filho Xavier, um jovem negro autista atualmente com 19 anos. Xavier é consciente de suas raízes e com a força de suas palavras. Não tenho receituário; mas com minha família trabalhada.
O conhecimento é libertador!
Não dá para continuar falando que fulana tem "um pé na cozinha" depois de saber que essa expressão é uma infeliz gravação da escravidão no Brasil, época em que o único lugar permitido às mulheres negras era a cozinha da casa grande.
O racismo se revela de diversas formas em nossa sociedade, estas microagressões, além de reproduzir um discurso racista, ao identificarem a negritude como marcador de inferioridade social, afetando o bem-estar de pessoas negras.
Amigo leitor: sabemos que algumas expressões podem até não ter origem racista, mas os usos e ressignificações podem ser usados com finalidade racista.
Transformar o ambiente criando uma atmosfera igualitária, começando pelos detalhes. Seja sábio, controle a sua língua.
Apresento aos leitores algumas expressões para serem arquivos de vocabulário:
Querido leitor, deixo aqui uma sugestão de leitura para que possa navegar nas águas profundas e conhecer muitas outras expressões que não agregam em nada em nosso vocabulário e em nosso cotidiano. São nas pequenas ações diárias que juntos fortalecemos os laços por uma educação antirracista: (Dicionário de Expressões (Anti) Racista, idealizado pela Defensoria Pública da Bahia, lançado pela Editorial EDESP)
ALFORRIA!
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