No Dia da Escola, celebrado em 15 de março, refletimos sobre como as instituições de ensino têm se adaptado às demandas do século XXI. Hoje, a educação vai além da transmissão de conhecimentos acadêmicos; ela busca formar cidadãos conscientes e participativos. Nesse contexto, soluções tecnológicas, conhecidas como Edtechs, desempenham um papel crucial na transformação do ambiente escolar. Em entrevista exclusiva para o portal Primeira Educação, Regina Silva, diretora pedagógica do Educacional – Ecossistema de Tecnologia, compartilhou sua visão sobre como essas inovações estão moldando o futuro da educação, especialmente na primeira infância.
Regina Silva: Introduzir soluções tecnológicas na educação infantil estimula o aprendizado das crianças de maneira eficaz e envolvente, mas é fundamental que esse processo seja feito de forma segura. Um jeito interessante de fazer isso é por meio de aplicativos educativos de qualidade pedagógica que despertam a curiosidade dos pequenos através de recursos multimídia – como jogos interativos, imagens coloridas, vídeos, sons, entre outros, que tornam a aprendizagem mais dinâmica e divertida.
O uso de materiais concretos é uma prática comum em todos os contextos da educação infantil. É amplamente reconhecido que as crianças adquirem conhecimento por meio da manipulação de objetos, e a integração de materiais concretos com recursos digitais amplia significativamente essa experiência, pois favorece o desenvolvimento de diferentes habilidades simultaneamente, reforçando, assim, a aprendizagem.
Além disso, a realidade aumentada também pode ser uma ferramenta poderosa na educação infantil. Por exemplo, em um aplicativo de realidade aumentada, as crianças podem apontar a câmera do dispositivo para uma imagem de um animal em um livro e ver o animal ganhar vida na tela, se movendo e emitindo sons. Isso cria uma experiência de aprendizagem imersiva, estimulando a curiosidade e a exploração das crianças.
É importante, no entanto, estabelecer medidas de controle para garantir que as crianças acessem apenas conteúdos adequados à sua idade e que o tempo de tela seja equilibrado. Dessa forma, é possível garantir que a introdução da tecnologia na educação infantil seja segura e benéfica para o desenvolvimento das crianças.
Regina Silva: A tecnologia pode desempenhar um papel significativo na facilitação da socialização entre crianças pequenas no ambiente educacional. Uma das formas é por meio de ferramentas de comunicação, como video-chamadas e aplicativos de mensagens, que permitem que as crianças interajam entre si mesmo quando estão fisicamente distantes.
Além disso, jogos educativos, desafios de prototipagem com kits de montar e plataformas de criação colaborativa podem ser usados para promover o trabalho em equipe entre as crianças. Essas ferramentas incentivam a interação, permitindo que elas resolvam problemas, compartilhem ideias e aprendam juntas.
Assim, a tecnologia pode ser uma poderosa aliada para proporcionar oportunidades para interações significativas e colaborativas no ambiente educacional. Essas experiências não só estimulam a socialização e a criatividade, mas também preparam as crianças para o mundo tecnológico em constante evolução ao seu redor.
Regina Silva: Constantemente surgem novas empresas que desenvolvem tecnologias educacionais voltadas para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem. Esses recursos tecnológicos têm potencial incrível para ajudar as crianças também a desenvolverem habilidades socioemocionais desde cedo. Aplicativos educativos que contam histórias envolventes sobre amizade e respeito, ou jogos que ensinam sobre a importância da cooperação e da justiça, por exemplo, podem tornar o aprendizado desses valores mais divertido e significativo para as crianças.
Atividades com o uso de realidade virtual podem transportar as crianças para experiências educativas únicas, como visitar virtualmente um museu ou participar de simulações que ensinam sobre a importância da diversidade cultural e o respeito às diferenças. Essas tecnologias podem ampliar os horizontes e ajudar as crianças a entenderem melhor o mundo ao seu redor, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis e solidários desde a infância.
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Regina Silva: É importante salientar que o brincar é uma atividade social. As crianças aprendem a compartilhar, a colaborar em equipe e a respeitar as ideias dos outros, desenvolvendo assim habilidades cognitivas e sociais.
Quando manipulam as peças e constroem com LEGO, ao mesmo tempo em que desenvolvem a coordenação motora fina e dão asas à imaginação, as crianças fortalecem a capacidade de planejar e organizar ideias, aproveitando a liberdade para moldar o que quiserem.
Atividades de educação tecnológica e iniciação em robótica educacional, usando kits LEGO, permitem que as crianças explorem conceitos de ciência e matemática de forma prática e interessante. Com materiais intuitivos, elas podem criar seus próprios protótipos, o que estimula a criatividade, o raciocínio lógico e a resolução de problemas.
Tendo como premissa o “Learning Through Play” (aprenda brincando), brincar com LEGO não é apenas uma atividade divertida, mas também uma maneira eficaz de desenvolver habilidades importantes que beneficiarão as crianças em sua vida acadêmica e social.
Regina Silva: O portfólio do Educacional conta com a Suíte Educacional, um ecossistema digital com mais de 40 aplicações pedagógicas especialmente selecionadas para atender às necessidades específicas das diferentes etapas de ensino. Uma dessas aplicações é o Aprimora, plataforma adaptativa destinada a alunos do Ensino Fundamental.
Já para a Educação Infantil, a Suíte Educacional conta com recursos interativos que estimulam o desenvolvimento cognitivo e a criatividade das crianças, com atividades que abordam temas como linguagem, raciocínio matemático e habilidades sociais.
As crianças da Educação Infantil necessitam de múltiplos estímulos visuais e auditivos. A presença de recursos multimídia nas aplicações da Suíte Educacional, como jogos, vídeos e músicas, tornam o aprendizado mais dinâmico e motivador para esta faixa etária. A Suíte conta ainda com aplicações que fomentam o desenvolvimento de atividades maker, as conhecidas atividades mão na massa, que estimulam a criação de projetos manuais e a exploração de conceitos de engenharia e design desde os primeiros anos de escolarização. Essas atividades desafiam as crianças a desenvolver habilidades práticas e cognitivas, ao mesmo tempo em que as incentivam a experimentar, testar ideias e aprender com os erros, promovendo um ambiente de aprendizagem mais prático e envolvente.
Regina Silva: É sempre importante entender que a tecnologia é uma aliada do professor. Atualmente, principalmente com a popularização da Inteligência Artificial, existem ferramentas digitais que auxiliam na execução de inúmeras tarefas diárias e é preciso aproveitá-las.
Ao integrar tecnologia para o acompanhamento personalizado é possível oferecer uma experiência de aprendizagem mais eficaz para as crianças, principalmente em fase de alfabetização. A tecnologia é capaz de captar informações e dados que possibilitam o acompanhamento do progresso individual de cada aluno. Essas informações unificadas favorecem a análise do professor e a criação de planos de ensino individualizados, adaptando o conteúdo e as atividades de acordo a necessidade de cada aluno.
Regina Silva: É indiscutível o interesse das crianças por interações lúdicas. Por meio de elementos de jogos, como desafios, recompensas e competições amigáveis, é possível tornar o processo de aprendizagem mais envolvente e divertido para as crianças.
Por exemplo, a Mesa Educacional, presente no portfólio do Educacional, é uma solução que integra hardware, software e materiais manipuláveis (blocos com a representação de letras, números e símbolos). As atividades interativas, que devem ser respondidas com o manuseio dos blocos, apoiam o processo de alfabetização e de construção de conceitos matemáticos de forma interativa e divertida.
Assim, ao invés de simplesmente replicar e resolver exercícios em uma folha de papel, as crianças são desafiadas a explorar um mundo virtual onde precisam usar conceitos de leitura, interpretação e matemática para avançar. Por exemplo, para atravessar um rio, elas precisam resolver problemas de adição e subtração para escolher as pedras certas que as levarão até o outro lado. Esse tipo de abordagem transforma o aprendizado em uma verdadeira aventura.
Estar envolvido com os desafios, cenários e personagens são estratégias poderosas para engajar e motivar crianças, tornando o aprendizado mais prazeroso e significativo.
Regina Silva: No Educacional temos como propósito usar a tecnologia para promover a equidade e os direitos de aprendizagem de todos e de cada um. É fato que a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais é uma prioridade vital e imediata para as escolas. Isso demanda não apenas responsabilidade e preparo por parte de gestores e educadores, mas também requer adequação dos espaços físicos e disponibilidade de recursos apropriados.
Novamente cito a Mesa Educacional, pois ela oferece diversos recursos de acessibilidade que permitem que crianças com transtornos de aprendizagem ou deficiências, seja visual, auditiva, motora ou cognitiva, tenham acesso ao conteúdo educacional de forma mais adequada e eficaz.
Além disso, as soluções tecnológicas oferecem atividades estruturadas em múltiplas mídias que se adaptam ao estilo de aprendizagem de cada aluno, seja ele visual, auditivo ou sinestésico. Por exemplo, para aprendizagem de escrita de letras, são oferecidos recursos interativos, visuais, auditivos e de associação a palavras que iniciam com aquela letra em questão. Certamente, esses estímulos variados ajudam a reforçar os conceitos de forma mais prática.
Regina Silva: O uso de telas por crianças é um tema que gera inúmeras opiniões e discussões. Somos a favor do uso responsável da tecnologia. É evidente que os pais não querem que seus filhos vão à escola para ficarem frente a telas o tempo todo, e esse também não é nosso desejo. Por isso, é importante sempre ter em mente a intencionalidade pedagógica no uso de recursos tecnológicos.
Acreditamos que, em casa, os pais também podem assumir o papel de mediadores de aprendizagem e auxiliar as crianças a utilizarem as ferramentas tecnológicas de forma adequada e enriquecedora.
Ao acompanhar o progresso dos filhos e participar das atividades educativas, os pais podem reforçar os conceitos aprendidos na escola e incentivar o uso responsável da tecnologia. Isso cria um ambiente de aprendizagem mais colaborativo e integrado entre a escola e a família.
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Regina Silva: Atuando há muitos anos com tecnologia educacional, vejo o quanto a transformação digital avançou e como a cada dia a tecnologia evolui e alcança novos espaços. Por estarmos em um mundo envolto por tecnologias, podemos imaginar a integração contínua de novos recursos tecnológicos de forma natural nos espaços escolares. Ainda há grandes barreiras para termos salas de aula interativas e personalizadas, mas estamos no caminho.
O avanço da inteligência artificial e da realidade virtual promete ser transformador. Espera-se criar experiências de aprendizagem inovadoras, para que as crianças possam explorar conceitos abstratos de forma mais concreta e visual, tornando a aprendizagem mais significativa e contextualizada. No entanto, é importante ressaltar que a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta, e não como um substituto para o papel do educador. O professor continua sendo essencial para guiar e apoiar o processo de aprendizagem, utilizando os recursos digitais de forma responsável.
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