Todo início de ano, muitas famílias enfrentam o ritual familiar de matrículas, aumento de mensalidades, aquisição de material escolar, uniformes e outros gastos relacionados à educação dos filhos que estudam em escolas privadas. Segundo o último levantamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as mensalidades tiveram um aumento médio de 4,98% em fevereiro, com variações que chegam a 8,05% para a pré-escola e 8,24% para o ensino fundamental.
Os motivos para esses aumentos são variados, incluindo reajustes no salário mínimo, que impactam na folha de pagamento de funcionários, contratos com prestadores de serviços, investimentos em infraestrutura e adoção de novas tecnologias educacionais. Para alguns, a educação é vista como um custo elevado. Entretanto, será que a educação privada é realmente cara ou trata-se de um investimento?
Ao discutir educação, é inevitável mencionar as palavras de Paulo Freire, que certa vez afirmou: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” A educação desempenha um papel crucial na formação de cidadãos e no progresso das sociedades. A qualidade da educação, muitas vezes, é associada à iniciativa privada, que oferece infraestrutura de qualidade, profissionais mais qualificados e melhor remunerados, além do uso de tecnologias educacionais. Esses elementos, porém, têm seu preço.
Paulo Loureiro, presidente do Sindicato de Escolas Particulares de Campina Grande (PB), ressalta que a educação é principalmente um investimento das famílias:
“Notadamente aqueles que se utilizam da rede privada procuram por qualidade na educação infantil, na creche e nos demais ensinos é um aspecto importante a se considerar para a formação dos nossos filhos.”
Ele também destaca que, em muitos casos, os gastos do Estado com a educação pública podem superar os das mensalidades privadas.
“Muitos aqueles que se usam da educação pública não têm essa percepção que aquela educação também é “cara”, se você fizer uma pesquisa os valores que a União gasta com a educação básica, ele pode ser superior aos da mensalidade privada.”
Dados do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) mostram que o valor nacional anual mínimo por aluno variou entre R$ 5.208,46 e R$ 8.180,24 em 2023.
Por que, então, a educação pública muitas vezes não é vista como uma opção de qualidade, apesar do investimento governamental? Talvez isso se deva à falta de políticas públicas eficazes que demonstrem a qualidade do ensino público, que vai além das salas de aula.
O economista Martin Carnoy argumenta que o investimento público por si só não será suficiente para melhorar o sistema educacional, a menos que haja uma transformação profunda na sociedade brasileira, incluindo investimentos na redução da pobreza. Ele defende que a solução para os problemas educacionais começa na educação infantil, oferecendo um ensino de alta qualidade e melhores condições de saúde, nutrição e segurança.
"Os sistemas educacionais estão profundamente mergulhados e conectados com as sociedades em que estão inseridos. Se a sociedade vai mal, a educação vai também", afirma.
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Para endossar a fala de Carnoy, Clessio Oliveira - pai de duas crianças em idade escolar - compartilha sua visão:
“Sabemos que os custos de uma escola devem ser bem alto e, por isso, as mensalidades aumentam a cada ano. Infelizmente, temos que arcar com escolas caras pois a educação da escola pública é precária e não passa segurança. Não temos outra alternativa a não ser pagar altas mensalidades”, desabafa.
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