Quinta, 17 de Abril de 2025
Educação Método de ensino

Sócio-interacionismo: conheça a linha pedagógica que ganha força globalmente

O sócio-interacionismo, baseado nas teorias de Vygotsky, valoriza a interação social no aprendizado e tem se expandido por todo o mundo

25/06/2024 às 11h41 Atualizada em 29/06/2024 às 00h13
Por: Lorena Brum
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Diretora explica como a interação social impulsiona a aprendizagem dentro e fora da escola. Imagem: Freepik
Diretora explica como a interação social impulsiona a aprendizagem dentro e fora da escola. Imagem: Freepik

 

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Com a evolução dos meios de acesso à informação e os desafios trazidos pelo uso de redes sociais por crianças e adolescentes, escolas do mundo inteiro são desafiadas a implementar linhas pedagógicas que preservem o significado do aprendizado e do desenvolvimento entre as crianças e adolescentes da geração alfa - nascidos após 2010.

O sócio-interacionismo é uma das linhas pedagógicas que mais vem ganhando destaque e se expandindo globalmente. Esse método, fundamentado nas teorias de grandes pensadores como Lev Vygotsky, propõe uma abordagem centrada na interação social como motor do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem.

Ele parte do princípio de que o conhecimento é construído coletivamente, através da interação entre indivíduos e seus ambientes sociais. Essa perspectiva desafia métodos tradicionais de ensino, que muitas vezes colocam o professor como a única fonte de conhecimento e os alunos como receptores passivos.

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Neste modelo, nós, professores e alunos, compartilhamos o protagonismo, colaborando e construindo juntos o processo de aprendizado”, comenta Dayse Campos, diretora da Interpares, escola curitibana que adota essa metodologia de ensino há 26 anos.

Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)

Lev Vygotsky, um dos principais teóricos desta abordagem, argumentou que as interações sociais são cruciais para o desenvolvimento cognitivo. Sua teoria enfatiza a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), conceito que descreve a distância entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que ela pode alcançar com a orientação de um adulto ou de um colega mais experiente.

A diretora explica que a ZDP pode ser dividida em três níveis:

  1. Nível de Desenvolvimento Real (NDR): Representa as habilidades e conhecimentos que a criança já possui e pode usar de forma independente. Esse nível é determinado pelas tarefas que a criança consegue realizar sozinha.
  2. Nível de Desenvolvimento Potencial (NDP): Representa as habilidades e conhecimentos que a criança pode alcançar com a ajuda de um adulto ou de um colega mais capaz. Esse nível é identificado pelas tarefas que a criança pode realizar com assistência.
  3. Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): A ZDP é o espaço entre o NDR e o NDP. É dentro dessa zona que a aprendizagem mais eficaz ocorre, pois é onde a criança é desafiada a desenvolver novas habilidades com o suporte adequado.

Essa teoria destaca a importância do aprendizado colaborativo e do papel mediador do educador, além da necessidade de adaptar o ensino ao nível de desenvolvimento individual de cada criança”, frisa Campos.

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Aplicação prática nas salas de aula

Na prática, o sócio-interacionismo se manifesta de diversas formas nas salas de aula. Projetos colaborativos, debates, trabalhos em grupo e atividades de resolução de problemas são alguns dos métodos empregados para estimular a interação e a construção coletiva do conhecimento.

A adoção do sócio-interacionismo tem crescido significativamente em diversas regiões do mundo. Países da América Latina, Europa e Ásia têm implementado essa abordagem em suas políticas educacionais, reconhecendo seus benefícios para o desenvolvimento integral dos estudantes.

No Brasil, por exemplo, o método tem sido integrado em diversos programas educacionais públicos e privados, com resultados promissores em termos de engajamento e desempenho acadêmico. A escola curitibana Interpares é um exemplo disso.

Adotamos o método desde a criação da escola, em 1998, e hoje já são mais de 500 alunos formados pelo sócio-interacionismo”, finaliza a diretora.

Crescimento global do sócio-interacionismo

O crescimento global do sócio-interacionismo é impulsionado pela sua capacidade de adaptar-se às necessidades específicas de diferentes contextos educativos. Em países da América Latina, como Argentina e Chile, o método tem sido integrado a programas de formação docente, promovendo uma abordagem mais dinâmica e participativa em sala de aula.

Na Europa, nações como Finlândia e Alemanha têm explorado o sócio-interacionismo como uma maneira de fortalecer o ensino colaborativo e incentivar o pensamento crítico entre os estudantes. Na Ásia, países como Japão e Coreia do Sul têm implementado práticas sócio-interacionistas para fomentar um ambiente educacional mais inclusivo e adaptável às demandas contemporâneas.

Desafios e perspectivas futuras

Apesar dos avanços, a implementação do sócio-interacionismo enfrenta desafios significativos. Um dos principais obstáculos é a necessidade de formação contínua dos professores para que possam aplicar efetivamente essa abordagem em suas práticas pedagógicas. Além disso, a infraestrutura escolar muitas vezes precisa ser adaptada para facilitar a interação e a colaboração entre os alunos.

Para o futuro, especialistas acreditam que o sócio-interacionismo continuará a ganhar espaço, especialmente à medida que mais pesquisas evidenciam seus benefícios para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos estudantes. A integração de tecnologias educacionais, como plataformas de aprendizado online e ferramentas de comunicação digital, também poderá potencializar as práticas sócio-interacionistas, oferecendo novas oportunidades de interação e colaboração.

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O sócio-interacionismo representa uma mudança paradigmática na educação, colocando a interação social no centro do processo de aprendizagem. Com suas raízes nas teorias de Vygotsky e sua ênfase na colaboração e no desenvolvimento individual, essa abordagem pedagógica tem demonstrado ser eficaz em diversos contextos ao redor do mundo. À medida que mais escolas e sistemas educacionais adotam essa metodologia, o potencial para uma educação mais inclusiva e significativa se torna cada vez mais evidente.

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