Com a chegada das férias escolares, muitos pais se veem desafiados a manter a rotina de crianças neurodivergentes, como aquelas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA). A neurodiversidade abrange variações no cérebro humano que afetam a sociabilidade, aprendizagem, humor e outras funções cognitivas, tornando a adaptação a mudanças na rotina um desafio significativo para essas crianças.
No Brasil, a população neurodivergente e com deficiência soma 18,9 milhões de pessoas. O número de crianças e adolescentes com autismo matriculados nas escolas aumentou 50% entre 2022 e 2023, passando de 405.056 para 607.144, segundo o Censo de Educação Básica. Esse crescimento reflete a necessidade de adaptação dos sistemas educacionais e familiares às particularidades dessas crianças.
Para os neurodivergentes, a previsibilidade é essencial. A Drª Amanda Alves, psicopedagoga do Grupo Treini, especializado em tecnologia assistiva, explica que:
"Seguir uma rotina oferece sensação de ordem, ajudando-as a gerenciarem melhor as expectativas. A mudança é muito desafiadora, pois perdem a previsibilidade que já estão habituadas".
A Drª Amanda Alves sugere preparar as crianças neurodivergentes para o período de férias criando um roteiro diário com imagens dos lugares a serem visitados.
"As novidades devem ser apresentadas gradualmente, para não sobrecarregá-las. Também é importante manter atividades escolares, para que elas tenham algo familiar nesse tempo em casa", recomenda.
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Alessandro Tomazelli, CEO da empresa de recreação Cia do Tomate, ressalta que as atividades devem ser integradas de forma natural no cotidiano das crianças.
"A realização de brincadeiras e atividades físicas não pode vir como uma obrigação. É necessário que venham como um momento de relaxamento e conectividade, para que possam expandir habilidades cognitivas, sociais e criativas", afirma.
Para auxiliar os pais durante o período de férias, a psicopedagoga Amanda Alves destaca cinco atividades que podem estimular o desenvolvimento de crianças neurodivergentes em casa. Essas atividades devem ser adaptadas às necessidades e preferências individuais de cada criança.
Atividades como pintura, modelagem e artesanato são excelentes para estimular a criatividade e a expressão não verbal de emoções. Além disso, o foco em um produto final pode proporcionar uma sensação de realização e orgulho.
Movimentações com o corpo através da dança e teatro ajudam na coordenação motora, expressão emocional e trabalho em equipe, especialmente em atividades realizadas em grupo.
Práticas como natação, judô e balé desenvolvem habilidades motoras e de coordenação, além de serem ótimas para o gasto de energia física, que é fundamental para crianças com TDAH.
Brincadeiras como caça ao tesouro podem estimular habilidades cognitivas e sensoriais. Procurar itens no quintal de casa ou em uma praça é uma forma divertida de manter a mente ativa.
Jogos como damas e ludo ajudam a desenvolver paciência, pensamento estratégico, tomada de decisão e a habilidade de lidar com a perda. Essas atividades são importantes para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.
A especialista reforça a importância de considerar as preferências e desafios individuais de cada criança, fazendo adaptações necessárias para que todas possam participar das atividades.
"É importante considerar as preferências de cada criança, assim como os desafios sensoriais e níveis de habilidade. Se for necessário, fazer adaptações para que a atividade possa atender às necessidades específicas e, consequentemente, aumentar a participação nessas experiências", conclui Amanda Alves.
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