No Dia do Amigo, celebrado em 20 de julho, é essencial refletir sobre a importância das amizades para todos, especialmente para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A data, criada pelo filósofo Enrique Ernesto Febbraro em 1969, quando viu a viagem do homem à lua como uma oportunidade de criar laços universais, nos convida a considerar os desafios enfrentados por essas crianças na construção de redes de apoio.
As amizades são cruciais para o bem-estar humano, contribuindo para o aprendizado de habilidades sociais e emocionais que promovem relações harmoniosas e autoconfiança. No entanto, crianças neurodivergentes frequentemente enfrentam dificuldades em desenvolver práticas interpessoais, perdendo oportunidades valiosas para o crescimento social.
Identificar e manter amizades pode ser uma tarefa complexa para crianças e adolescentes com TEA. A neuropsicóloga Drª Giulia Paiva, do Grupo Treini, especializado em tecnologia assistiva, destaca que esses jovens muitas vezes não têm experiências compatíveis com a definição de uma amizade saudável.
“Tem amigos? Quantos? Tem um melhor amigo? É convidado para ir brincar? Tem interesse em receber os amigos para brincar? Essas são perguntas comuns a diversas avaliações de saúde de uma criança. Em muitos casos, essas frases podem deixar de ser perguntas e se transformar em metas”, pontua Giulia.
A falta de laços afetivos pode levar a problemas comportamentais e emocionais, como depressão, ansiedade e isolamento. A interação com outras crianças ensina lições valiosas sobre limites e respeito. Sem essas conexões, surgem barreiras no aprendizado de conceitos fundamentais para o amadurecimento pessoal.
Crianças com TEA podem ter dificuldades em entender e responder a sinais sociais, como expressões faciais e tons de voz, além de enfrentar desafios para manter uma conversa, compartilhar interesses ou participar de brincadeiras cooperativas. Drª Giulia propõe várias atividades para ajudar esses jovens a superar essas barreiras.
“As histórias sociais explicam situações e como deveríamos nos comportar se fossemos seus personagens. Também é útil criar ambientes inclusivos onde todas as crianças são encorajadas a brincar juntas e a aceitar as diferenças que existem. Uma ação facilmente realizável é o incentivo a jogos cooperativos ou atividades em grupo”, diz a neuropsicóloga.
Outra estratégia recomendada é a participação em programas de tutoria envolvendo pares típicos, crianças que não têm autismo. Essas interações permitem observar e imitar comportamentos sociais apropriados, fortalecendo a confiança em situações sociais.
Por outro lado, dialogar com pares autistas pode criar um ambiente mais confortável e menos estressante, onde as crianças se sentem mais compreendidas e aceitas.
“Esse tipo de interação pode ser especialmente importante para construir autoestima e reduzir a ansiedade social”, complementa Giulia.
Segundo a doutora, os pais devem estar atentos aos sinais de que seus filhos estão se beneficiando das amizades.
“São indicadores positivos se a criança demonstra alegria ao encontrar seus amigos, fala mais sobre suas interações sociais e apresenta um comportamento mais calmo e regulado após passar tempo com eles”.
Celebrar o Dia do Amigo nos lembra da importância de fomentar amizades para todas as crianças, especialmente para aquelas no espectro autista. Compreensão, apoio e inclusão são fundamentais para ajudá-las a desenvolver habilidades sociais e emocionais que contribuirão para o seu bem-estar e amadurecimento.
Deixe seu comentário e continue navegando pelo portal Primeira Educação para se manter atualizado com as principais informações relacionadas à educação infantil e primeira infância.
Gostou da notícia? Seja um apoiador do jornalismo independente e contribua.