O Instituto João e Maria Backheuser (IJMB), com apoio da Parceiros da Educação Rio e do Instituto Ayrton Senna, realizou no dia 15 de julho, no Rio de Janeiro, o seminário "Redes que Alfabetizam: Lições do Brasil e da Colômbia". O evento reuniu especialistas, educadores e autoridades para discutir como políticas bem estruturadas e fundamentadas na ciência podem promover a excelência na alfabetização. A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Kátia Schweickardt, foi uma das convidadas especiais.
O seminário teve como objetivo principal mostrar que, com políticas educacionais bem estruturadas e baseadas em evidências científicas, é possível melhorar significativamente a alfabetização. Os participantes puderam conhecer as experiências de Brasil e Colômbia, discutir a importância da Ciência da Leitura e analisar o atual cenário da alfabetização no Brasil, que ainda enfrenta grandes desafios e desigualdades regionais e raciais.
"Promover a equidade é essencial. As nossas políticas no MEC foram desenhadas para serem customizadas nos territórios e constantemente avaliadas por nós. Não existe uma regra de cima para baixo. O MEC tem que ser articulador e fomentador, mas quem faz acontecer a educação básica e a alfabetização são os municípios e estados. Nosso papel é desenhar políticas que possam ser customizadas no território", destacou Kátia Schweickardt.
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Durante o seminário, foi ressaltada a alfabetização como um direito fundamental. Segundo dados das avaliações estaduais de 2023, no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, apenas 56% dos alunos chegaram ao final do 2º ano do Ensino Fundamental alfabetizados. Apesar do progresso significativo na recuperação pós-pandemia, ainda há muito a ser feito para atingir a meta do MEC de 80% dos alunos alfabetizados até 2030.
“Quem alfabetiza as crianças são os municípios. Precisamos olhar para aqueles que já chegaram na meta de 2030 e aprender com eles, como é o caso de Nova Venécia”, afirmou Teca Pontual, diretora-executiva do IJMB, ao comentar os dados de alfabetização no Brasil.
Outro ponto alto das exposições foi a relevância da Educação Infantil como base para o processo de alfabetização, destacando o papel fundamental do brincar e do desenvolvimento de habilidades como a consciência fonológica, a compreensão oral e o vocabulário. As pesquisas indicam que antecipar a alfabetização para esta etapa não traz vantagens.
Gisele Alves, gerente executiva do EduLab21 no Instituto Ayrton Senna, enfatizou a importância da ciência da leitura para a eficácia na alfabetização e na aquisição de habilidades de leitura e escrita.
"A ciência da leitura é essencial para a eficácia na alfabetização e na aquisição de habilidades de leitura e escrita. Reunir as principais evidências científicas e basear-se em métodos de pesquisa comprovados são fundamentais para melhorar a qualidade da educação. O conhecimento científico desempenha um papel crucial nesse processo", afirmou Alves, ressaltando a importância da decodificação e da compreensão para uma leitura competente.
A cidade de Nova Venécia, no Espírito Santo, com o apoio do projeto Educar pra Valer (EpV) da Associação Bem Comum, alcançou resultados notáveis na alfabetização. O EpV fornece material para alunos, formação para professores e avaliação da aprendizagem, promovendo mudanças significativas nas salas de aula. Wanessa Zavarese Sechim, secretária municipal de Educação em Nova Venécia, e Rosely Zimmer, professora da mesma rede, apresentaram os resultados obtidos.
Na Colômbia, a Fundação Luker compartilhou sua experiência com o programa "Aprendamos Todos a Leer", que inclui instrução fônica sistemática, formação de professores, tutoriais e avaliação dos alunos.
"A experiência da Fundação Lucker na Colômbia fornece suporte aos estudantes com dificuldades na leitura através de tutoria em grupos pequenos, desenvolvendo as bases corretas de leitura e escrita. Diagnósticos iniciais e atenção especial aos estudantes com necessidades especiais são cruciais para garantir seu desenvolvimento na alfabetização", revelou Santiago Isaza Arango.
O seminário demonstrou que, com políticas educacionais baseadas na ciência, apoio e colaboração entre instituições e municípios, e troca de experiências entre países, é possível alcançar a excelência na alfabetização. Aprender com essas experiências é fundamental para que mais municípios brasileiros alcancem a meta de alfabetizar pelo menos 80% das crianças até o 2º ano do Ensino Fundamental.
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