Dados recentes indicam que o Brasil atingiu um patamar de 56% de crianças alfabetizadas no último ano, recuperando o desempenho anterior à pandemia de covid-19. Este avanço destaca a importância de iniciativas e capacitação adequadas para profissionais da educação, conforme exposto por Luciana Brites, mestre e doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento.
Alguns municípios brasileiros conseguiram resultados significativamente superiores à média nacional. Em Perdigão, Minas Gerais, 80,1% das crianças do segundo ano estão alfabetizadas, superando a meta estabelecida para 2030. Este sucesso é atribuído a programas focados em consciência fonológica, princípio alfabético, percepção visual e auditiva, vocabulário, e grafomotricidade.
Luciana Brites ressalta que a formação oferecida nas graduações e magistérios muitas vezes não prepara adequadamente os profissionais para os desafios da alfabetização.
"Saber quando e como ensinar a letra cursiva, por exemplo, é uma dúvida frequente entre educadores e pais", comenta Brites.
Em Perdigão, a implementação do programa Proleia demonstrou a eficácia de uma capacitação direcionada, proporcionando aos professores segurança para aplicar técnicas específicas em sala de aula.
"Uma formação baseada em evidências científicas permite um melhor entendimento e aplicação das metodologias, fundamental para o sucesso da alfabetização", afirma Brites.
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A alfabetização de crianças típicas e atípicas é crucial para seu desenvolvimento integral. Brites enfatiza que, mesmo com dificuldades de aprendizado, a capacidade de ler e escrever transforma a vida dessas crianças, permitindo-lhes maior expressão, comunicação e participação social.
"Elas aprendem de maneira mais independente, ganham confiança e se integram melhor às atividades escolares e sociais", explica a especialista.
Apesar dos avanços, o acesso à educação de qualidade ainda é um desafio no Brasil. Brites destaca que aumentar os níveis de alfabetização requer um esforço conjunto de toda a sociedade.
"São necessárias mais políticas públicas, investimentos em capacitação e cursos de aprimoramento para professores, além do engajamento dos pais com atividades que auxiliem e incentivem o desenvolvimento das crianças", sugere.
A especialista também ressalta a importância de incorporar conhecimentos de neurociência na formação dos professores.
"Quando os profissionais da educação têm acesso a materiais baseados em evidências científicas, eles compreendem melhor os processos de aprendizagem e aprimoram suas práticas pedagógicas", conclui Brites.
A recuperação dos níveis de alfabetização no Brasil é um indicativo positivo, mas há muito a ser feito para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade. A capacitação adequada dos professores, o engajamento da comunidade e a implementação de políticas públicas são essenciais para alcançar e manter altos índices de alfabetização, proporcionando um futuro mais promissor para as próximas gerações.
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