A Frente Parlamentar em Defesa da Educação Inclusiva da Câmara Legislativa do Distrito Federal discutiu os resultados da pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) sobre Educadores Sociais Voluntários (ESVs) da Secretaria de Educação em reunião pública na tarde desta segunda-feira (12), na sala das comissões.
O presidente da Frente e mediador da reunião, deputado Fábio Felix (Psol), contextualizou que a precarização do trabalho dos ESVs e a ausência de um número suficiente desses profissionais na garantia dos cuidados e da educação inclusiva são preocupações permanentes da Frente. Para o distrital, além de pesquisas sobre a temática, é necessário que haja um mecanismo garantidor de direitos tanto para as crianças e adolescentes, quanto para os ESVs.
“Hoje, sem os educadores socias voluntários não há educação inclusiva”, afirmou. Diante desse cenário, Felix entende ser necessário pensar em um projeto estratégico para a educação inclusiva.
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Nesse sentido, a diretora de Estudos e Políticas Sociais do IPE-DF, Marcela Machado, salientou a importância da pesquisa para subsidiar as políticas públicas de educação inclusiva.
“Nosso papel, enquanto instituto de pesquisa, é trazer essas informações a fim de subsidiar a tomada de decisões”, explanou. Ela ainda agradeceu ao mandato de Felix por ter viabilizado emenda parlamentar que possibilitou contratar pesquisadores bolsistas, os quais auxiliaram na execução da pesquisa.
Por sua vez, a coordenadora de Estudos e Pesquisas Qualitativas de Políticas Sociais do IPE, Jaqueline Borges, que apresentou os resultados da pesquisa, destacou o papel fundamental dos ESVs na educação inclusiva do DF.
Levantar o perfil e entender a atuação dos ESVs, investigando incentivos, necessidades e barreiras, foram objetivos centrais da pesquisa “Educação inclusiva no Distrito Federal: o papel dos educadores sociais voluntários”, que usou métodos qualitativos e quantitativos. A amostra foi composta por 1.856 educadores sociais voluntários que atuaram no DF durante os anos de 2013 a 2023 e os dados foram coletados através desurveye grupos focais. Também foram realizadas entrevistas com gestores da Secretaria de Educação e com diretores de escolas públicas.
De acordo com os dados, a maioria dos ESVs são mulheres (83,5%), tem entre 30 a 49 anos (53%), identifica-se como pessoa parda (55%), possui formação nas áreas de ciências humanas, linguística, letras e artes (67%) e não tem outra ocupação além de ESV (57%). A maioria tem ensino superior completo (41,5%) ou pós-graduação (22,1%).
Entre as motivações para atuar como ESVs, 29% dos respondentes mencionaram a experiência pessoal com crianças e adolescentes com deficiências e transtornos; 24%, uma oportunidade profissional, e 16%, aplicar os conhecimentos acadêmicos.
Entre os desafios apontados, a maioria dos ESVs manifestou o número excessivo de alunos por classe (53,8%), seguido por falta de equipe técnica e apoio (40%). Ao serem questionados sobre como melhorar as condições de trabalho, os ESVs apontaram a necessidade de aumento do valor do ressarcimento por turno (80%), oferta de cursos de capacitação (81%) e maior número de educadores sociais voluntários em sala ou escola (59%).
Embora tenha destacado a importância da pesquisa, o diretor de política educacional do Sindicato dos Professores no DF (Sinpro-DF), Carlos Maciel, considerou que ESV é uma forma de precarização do trabalho.
“O sindicato defende empregos decentes, com condições de subsistência, e formação continuada”, esclareceu, ao argumentar pelo “trabalho legalizado” e ingresso por concurso público. Para Maciel, alunos com necessidades especiais e professores precisam de apoio técnico e qualificado. “Defendemos direitos trabalhistas para qualquer trabalhador”, reforçou.
Nesse aspecto, a educadora social voluntária Alude Gonçalves, que atua na escola classe 18 do Gama, endossou que os ESVs clamam por direitos trabalhistas. Ela disse que um ESV recebe R$ 40,00 por turno de 4 horas de trabalho, o que resulta em cerca de R$ 800,00 a R$ 860,00 por mês, sendo que as faltas, mesmo com atestado médico, são descontadas.
Por outro lado, ela declarou: “Nós, educadores sociais, somos essenciais na vida dos alunos atípicos”. Outros ESVs que se manifestaram na reunião pleitearam direitos trabalhistas e salientaram a dedicação aos alunos.
Também participaram do encontro professores, que defenderam a valorização dos ESVs, e mães de crianças e adolescentes com deficiências, a exemplo de Andrea Medado, mãe de duas filhas autistas, que protestou contra a falta de treinamento adequado de profissionais de apoio nas escolas.
Para Felix, a pesquisa e o debate revelam a demanda por direitos trabalhistas e formação, além da precarização das condições de trabalho.
“Os direitos trabalhistas dos ESVs precisam ser respeitados”, reiterou.
O parlamentar pontuou diversos aspectos fundamentais na educação inclusiva, como a prioridade absoluta à criança e ao adolescente com deficiência e a garantia do serviço público prestado com qualidade.
Em linha tangente, o deputado Gabriel Magno (PT) parabenizou a iniciativa e a realização da pesquisa, mas criticou a precarização do trabalho dos ESVs e a negligência da Secretaria.
“É um absurdo o profissional que cuida das nossas crianças e adolescentes ganhar R$ 40 por dia”, alertou.
Magno, que é presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC), insistiu na prioridade à educação inclusiva do DF. A reunião pública desta tarde foi transmitida ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube , com tradução simultânea em Libras.
Com informações de Franci Moraes - Agência CLDF
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