No dia 22 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Folclore, uma data que vai além das simples comemorações culturais. Para a educação infantil, este dia é uma oportunidade de aprendizado profundo, onde lendas e mitos não só encantam, mas também contribuem para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças.
O folclore brasileiro, composto por uma rica variedade de manifestações culturais, engloba histórias, ditados e provérbios transmitidos de geração em geração. Essas narrativas populares desempenham um papel fundamental na formação da identidade cultural e no senso de pertencimento das crianças.
“Elementos como a Cuca, o Lobisomem, o Saci, a Caipora e o Boto Cor-de-Rosa são mais do que personagens, eles são portadores de histórias e valores que ajudam as crianças a entenderem sua própria cultura e a desenvolverem um senso de pertencimento”, comenta Dayse Campos, diretora da escola Interpares de Curitiba (PR).
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Incorporar o folclore nas práticas educativas oferece às escolas a chance de conectar as crianças ao vasto repertório cultural brasileiro, que é o resultado da fusão de tradições indígenas, africanas, europeias e outras. Isso não apenas expande o imaginário infantil, mas também enriquece o entendimento sobre a diversidade cultural do país.
Segundo Dayse Campos, "através dessas histórias, as crianças não apenas ampliam sua imaginação, mas também começam a compreender as múltiplas influências que formam a cultura brasileira".
O papel do folclore na educação infantil vai além do entretenimento. As histórias populares carregam ensinamentos, valores e tradições que ajudam a construir a identidade cultural das crianças. O contato com essas narrativas estimula a criatividade, o pensamento crítico e o entendimento de conceitos abstratos, como o bem e o mal, o medo e a coragem. Dessa forma, o folclore contribui diretamente para o desenvolvimento cognitivo e emocional.
As lendas do folclore brasileiro, com seus seres mágicos e eventos extraordinários, oferecem uma maneira divertida e envolvente de explorar temas complexos. Através do fantástico, as crianças aprendem a lidar com suas emoções, a desenvolver empatia e a compreender os desafios do mundo ao seu redor.
"Essas histórias funcionam como uma introdução ao pensamento crítico desde cedo", explica Dayse.
Ao refletir sobre as aventuras de personagens como o Saci ou a Mula-sem-Cabeça, as crianças começam a questionar, imaginar e criar soluções, o que fomenta habilidades importantes para seu desenvolvimento intelectual.
Além disso, essas lendas também permitem que as crianças explorem questões de moralidade e ética de maneira lúdica. A figura do Boto Cor-de-Rosa, por exemplo, é comumente associada a questões de sedução e engano, enquanto a Caipora representa a preservação da natureza e o respeito aos animais. Esses temas, apresentados de forma acessível, ajudam as crianças a internalizar valores essenciais.
O impacto do folclore vai além do desenvolvimento intelectual. Ao se identificarem com as histórias, as crianças são incentivadas a explorar seus próprios sentimentos e emoções. Personagens como a Cuca, por exemplo, podem representar medos e angústias, permitindo que os pequenos lidem com esses sentimentos de maneira simbólica. Já figuras como o Saci, com sua astúcia e bom humor, podem inspirar confiança e resiliência.
"Essas narrativas são importantes porque permitem que as crianças experimentem e superem medos em um ambiente seguro e controlado", destaca a educadora. "Ao mesmo tempo, elas ajudam a desenvolver a empatia, uma habilidade crucial para o convívio em sociedade".
As histórias folclóricas também oferecem uma forma de ensino intergeracional, em que pais, avós e outros membros da comunidade participam da transmissão dessas tradições. Esse vínculo familiar reforça o aprendizado e enriquece o sentido de pertencimento cultural das crianças.
Para além do desenvolvimento individual, o folclore desempenha um papel crucial na construção de uma identidade coletiva. Ao se apropriarem dessas histórias, as crianças reconhecem a diversidade cultural e a riqueza de suas raízes. O contato com as diferentes influências que formam o folclore brasileiro – desde as tradições indígenas, passando pelos mitos africanos até as adaptações europeias – contribui para a construção de uma visão de mundo mais ampla e inclusiva.
Na escola Interpares, por exemplo, o Dia do Folclore é celebrado com atividades que envolvem desde a contação de histórias até a dramatização de lendas.
"As crianças têm a oportunidade de participar ativamente dessas narrativas, seja encenando personagens, criando cenários ou explorando os significados por trás de cada história", compartilha Dayse.
Esse tipo de experiência prática permite que os alunos se envolvam de maneira profunda com os conteúdos e internalizem os valores e ensinamentos transmitidos.
A importância de preservar e ensinar o folclore brasileiro vai além da celebração anual no Dia do Folclore. É fundamental integrar essas tradições de forma contínua no cotidiano das escolas, garantindo que as futuras gerações mantenham viva a riqueza cultural do país. Afinal, como destaca Dayse Campos:
"o folclore é uma parte essencial da nossa identidade, e é através dessas histórias que ensinamos às crianças quem elas são e de onde vieram".
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