O bom funcionamento do ouvido, da garganta e do nariz é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Qualquer problema nesses órgãos pode impactar diretamente aspectos importantes como a fala, a audição, o sono e a respiração, afetando a compreensão, o rendimento escolar, a expressão da linguagem e até o desempenho social da criança. Em alguns casos, também pode comprometer o seu crescimento físico.
Com o intuito de orientar pais e responsáveis sobre a importância da detecção precoce de possíveis problemas, o presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe), Dr. Rodrigo Pereira, lista alguns sinais de alerta que indicam a necessidade de uma avaliação especializada com um otorrinolaringologista. Confira:
As primeiras palavras com sentido costumam surgir por volta do primeiro aniversário da criança. Quando esse marco é adiado, pode ser um sinal de que algo não está bem.
“A demora no desenvolvimento da fala pode indicar problemas na audição, que devem ser investigados com urgência. A dificuldade em associar palavras ou a troca de letras na hora de pronunciá-las são outros sinais que não devem ser ignorados”, explica Dr. Rodrigo.
Ele ressalta ainda que, se não identificadas e tratadas precocemente, essas dificuldades podem criar barreiras significativas para o desenvolvimento infantil.
Outros comportamentos que podem indicar problemas de audição incluem falar muito alto, aumentar o volume de aparelhos sonoros, não conseguir localizar de onde os sons estão vindo ou não reagir ao ser chamado pelo nome.
“Esses sinais podem estar relacionados a situações simples, como o acúmulo de cera no ouvido, mas também podem ser indicativos de condições mais graves, como otites. Essas inflamações no ouvido, mesmo após tratamento com antibióticos, podem deixar sequelas na audição, afetando diretamente o desenvolvimento da fala e da linguagem da criança”, alerta o especialista.
Quando uma criança apresenta rouquidão por mais de duas semanas ou dores de garganta frequentes, é essencial buscar avaliação médica. Embora esses sintomas sejam frequentemente associados a infecções das vias aéreas superiores, como resfriados, sinusites ou faringites, eles podem, em casos raros, estar ligados a problemas mais sérios, como alterações anatômicas da laringe ou questões neurológicas.
Crianças que respiram pela boca podem estar enfrentando desde uma simples rinite alérgica até problemas mais graves, como hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides, que muitas vezes requerem intervenção cirúrgica. A respiração bucal pode provocar deformidades faciais ao longo do tempo, problemas odontológicos, sono de má qualidade e um aumento na incidência de infecções.
Dr. Rodrigo ressalta a importância do nariz na filtragem e no aquecimento do ar antes de ser direcionado para os pulmões, destacando que o hábito de respirar pela boca prejudica esse processo e aumenta a vulnerabilidade da criança a doenças.
O ronco, o sono agitado e as apneias (paradas temporárias da respiração) são sinais de distúrbios do sono que não devem ser negligenciados.
“Muitas vezes, esses sintomas estão relacionados ao aumento das amígdalas ou das adenoides, que podem obstruir a passagem do ar e prejudicar o sono da criança. Um sono de qualidade é crucial para o desenvolvimento cognitivo e para a saúde geral da criança”, enfatiza o presidente da ABOPe.
A atenção dos pais e responsáveis é fundamental para a detecção precoce de problemas de audição, respiração, sono e fala. Ao identificar qualquer alteração, é essencial procurar um otorrinolaringologista para uma avaliação especializada.
“O diagnóstico precoce permite um tratamento mais eficaz e reduz as chances de complicações que possam comprometer o desenvolvimento da criança”, afirma Dr. Rodrigo.
O tratamento das condições mencionadas varia de acordo com o problema identificado. Em casos de rinite alérgica, o controle ambiental e o uso de medicação adequada à idade da criança são as principais estratégias. Quando o problema envolve o aumento das amígdalas ou adenoides, a cirurgia pode ser necessária. Já para questões relacionadas à audição, as opções de tratamento podem incluir medicamentos, pequenos procedimentos, reabilitação com aparelhos auditivos e, em casos mais graves, a cirurgia para implante coclear.
O atraso no desenvolvimento da fala pode exigir uma abordagem multidisciplinar, envolvendo não apenas o otorrinolaringologista, mas também psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos, entre outros especialistas. O objetivo é garantir que a reabilitação da criança seja eficaz e abrangente.
Dr. Rodrigo Pereira recomenda que a consulta com um otorrinolaringologista seja realizada pelo menos uma vez ao ano, mesmo na ausência de sintomas aparentes.
“Essa prática preventiva é essencial para acompanhar o desenvolvimento da criança de maneira integral, permitindo a identificação e o tratamento precoce de complicações que possam surgir. Com isso, contribuímos para uma experiência de vida mais saudável e equilibrada para as crianças”, conclui.
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