No coração de Paris, um espetáculo de superação e garra tomou conta das arenas e nos encheu de orgulho. Nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, o brilho não está apenas nas medalhas, mas nas histórias de cada atleta, que tem dado o seu melhor, realizando o quase impossível para estar ali. E que histórias!
Quando falamos de superação, normalmente pensamos em histórias de vida que envolvem reviravoltas, lutas e, claro, vitórias. Entretanto, em eventos esportivos como este, o conceito de superação ganha um novo significado. Quem assiste de fora talvez não perceba a profundidade de cada conquista. Não se trata apenas de subir ao pódio, mas de coroar a vitória de uma guerra interna e provar, para si e para o mundo, que o impossível é apenas uma palavra. Trata-se, portanto, de transformar percepções.
Ao ver esses atletas em ação, percebemos que a deficiência não define ninguém; pelo contrário, são essas pessoas que redefinem o que significa ser forte, resiliente e, acima de tudo, humano.
O brilho das medalhas no peito dos atletas é só a ponta do iceberg. Por trás de cada conquista, existe uma história de garra que começou muito antes dos flashes das câmeras. Como não se emocionar com a trajetória de Gabriel Araújo, Wendell Belarmino, Carol Santiago, ou tantos outros nomes memoráveis desta edição dos jogos?
São histórias de atletas que perderam a visão, ficaram paraplégicos em acidentes, ou nasceram com alguma limitação física ou intelectual. Em vez de se renderem ao desânimo, encontraram no esporte uma nova forma de enxergar e aproveitar o mundo.
Mais do que inspirar outros atletas, eles transformam a forma como a sociedade vê a inclusão. Mostram-nos que o impossível é só um detalhe na jornada para o topo. Cada vitória é um lembrete de que "não dá" não existe no vocabulário paralímpico.
Cada um desses atletas tem uma história única, mas todos compartilham um elemento em comum: a resiliência. Quando a vida os derrubou, eles se levantaram mais fortes, e Paris 2024 está sendo o palco perfeito para provar isso.
O que aprendemos com esses atletas? Que acreditar é o primeiro passo para qualquer conquista e, com o apoio certo, qualquer um pode chegar lá. Os Jogos Paralímpicos nos mostram que o importante não é o ponto de partida, mas a força que você coloca em cada passo do caminho.
Esses atletas nos inspiram a seguir em frente, a nunca desistir e a sempre acreditar que podemos mais. Eles são a prova viva de que os limites existem apenas para serem superados.
Quando a pira olímpica se apagar e os aplausos cessarem, o legado desses heróis permanecerá, mostrando que, independentemente das dificuldades, sempre é possível vencer. Eles inspiram crianças, jovens e adultos a nunca desistirem de seus sonhos, não importa o tamanho do desafio.
Os resultados da equipe brasileira mostram que o Brasil continua sendo uma das grandes potências paralímpicas. O país mantém sua tradição de conquistar várias medalhas em diferentes modalidades, como atletismo, natação, futebol de 5, judô e muito mais.
O Brasil sempre brilha no atletismo paralímpico, e Paris 2024 não foi exceção. Nossos atletas conquistaram diversas medalhas, especialmente nas provas de velocidade, salto em distância e arremesso.
Outra modalidade de destaque é a natação, com medalhas tanto em provas individuais quanto em revezamentos.
O futebol de 5 é uma modalidade em que o Brasil é praticamente imbatível. A equipe brasileira manteve sua hegemonia, vencendo os adversários com performances dominantes.
O judô e o taekwondo paralímpicos também tiveram bons resultados, mostrando a força do Brasil nesses esportes.
O sucesso do Brasil nos Jogos Paralímpicos, comparado ao desempenho nos Jogos Olímpicos, pode ser atribuído a vários fatores.
O Brasil tem investido consistentemente no esporte paralímpico, especialmente após os Jogos de Londres 2012 e Rio 2016. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desenvolveu programas de alto rendimento e parcerias com patrocinadores que apoiam diretamente os atletas paralímpicos. Esses programas têm sido eficazes na identificação de talentos e no fornecimento do suporte necessário para competir em nível mundial.
Os centros de treinamento específicos para atletas paralímpicos oferecem infraestrutura de alto nível, adaptada às necessidades dos atletas, permitindo que eles treinem em condições ideais.
Os programas de inclusão social e esporte para pessoas com deficiência no Brasil têm crescido ao longo dos anos, criando uma base mais ampla e diversificada de atletas paralímpicos.
Além disso, o esporte paralímpico tem ganhado mais visibilidade no Brasil, aumentando o interesse do público e o apoio aos atletas. Em algumas modalidades, o Brasil conseguiu estabelecer um nível de competitividade que se equipara ou até supera o de outras nações.
Já nos Jogos Olímpicos, o cenário é mais desafiador, com um número maior de países e atletas de elite competindo. A infraestrutura voltada para o esporte olímpico no Brasil ainda é limitada em comparação com nações que dominam os Jogos Olímpicos. Muitos esportes olímpicos exigem centros de treinamento especializados, que nem sempre estão disponíveis em todas as regiões do país.
Para que o Brasil se torne uma potência olímpica, é necessário um esforço conjunto que envolva maiores investimentos, melhoria na infraestrutura esportiva e um sistema que identifique e apoie talentos desde cedo. O exemplo do sucesso paralímpico mostra que, com o investimento e o apoio certos, é possível alcançar grandes conquistas.
Incentivar uma criança com deficiência a praticar esportes é fundamental para seu desenvolvimento físico, emocional e social, assim como é para crianças típicas. A idade e a forma de introdução do esporte devem ser adaptadas às necessidades individuais, considerando o tipo de deficiência e as preferências da criança.
A introdução ao esporte deve ocorrer assim que a criança mostrar interesse ou quando for clinicamente seguro. Converse com médicos e fisioterapeutas para adaptar o esporte à condição da criança. Esportes podem fazer parte do processo de reabilitação e adaptação desde cedo.
Até os 5 anos, atividades recreativas que estimulem a coordenação motora e a interação social são recomendadas. Essas atividades podem incluir brincadeiras que envolvam movimentos simples, como rolar, rastejar, pular ou nadar.
Entre 6 e 8 anos, é o momento de incentivar a criança a experimentar diferentes modalidades, como natação, atletismo adaptado ou esportes com bola.
A partir dos 9 anos, a criança já pode se dedicar de forma mais estruturada a uma modalidade paralímpica específica. Se houver interesse e aptidão, esse é o momento de iniciar um treinamento mais focado, sempre com acompanhamento especializado.
É importante que a criança veja o esporte como uma atividade divertida. Incentive-a a brincar e experimentar diferentes modalidades até encontrar aquela com que se identifica.
Busque centros de treinamento paralímpico ou associações que promovam esportes adaptados na sua região. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) oferece programas de iniciação esportiva para crianças e jovens com deficiência.
Incentivar uma criança com deficiência a praticar esportes paralímpicos desde cedo pode ser transformador. Além de promover saúde e bem-estar, o esporte abre portas para inclusão, autonomia e superação, ajudando a criança a desenvolver todo o seu potencial.
Os atletas brasileiros nos Jogos Paralímpicos Paris 2024 provaram que o verdadeiro ouro está na determinação e na capacidade de transformar o "não" em "sim". E é esse espírito que continuará nos guiando, muito além das competições.
*Texto escrito por Juliana Bergamin Vertullo, Professora de Educação Física e Esportes no Colégio Presbiteriano Mackenzie - SP*
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