A identificação precoce e o suporte adequado a crianças superdotadas são fundamentais para evitar problemas emocionais e sociais, além de promover o pleno desenvolvimento dessas habilidades. É o que defende o psicólogo Jean Alessandro, especialista em Altas Habilidades e Superdotação e diretor clínico da Clínica Neurodivergentes.
"O reconhecimento e o apoio adequado são fundamentais para evitar problemas emocionais e sociais, além de garantir que essas pessoas possam explorar todo o seu potencial", reforça o especialista.
Apesar de estimativas frequentemente citarem que cerca de 5% da população mundial apresenta superdotação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não reconhece oficialmente esse número, e há uma falta de dados precisos sobre essa população. A ausência de mapeamento adequado reflete um dos muitos desafios que os superdotados enfrentam na sociedade.
Jean Alessandro destaca a importância de um diagnóstico bem conduzido, salientando que a identificação dos traços de superdotação deve ser o primeiro passo.
"Assim como no caso do TDAH e do autismo, o reconhecimento dos sinais iniciais é essencial", afirma.
Segundo o especialista, muitos acreditam que a superdotação só pode ser identificada por meio de um teste neuropsicológico, mas ele explica que isso seria apenas uma etapa posterior.
"Precisamos começar com o rastreio, identificando os traços dessa condição, para então proceder com avaliações mais específicas."
Para Jean, tanto profissionais da saúde mental quanto educadores devem estar atentos aos primeiros sinais.
"Muitos passam despercebidos por falta de conhecimento sobre as características da superdotação e, consequentemente, não chegam a ser avaliados adequadamente", alerta.
Ele também ressalta o papel importante que os pais podem desempenhar.
"É fundamental que os pais estejam informados e preparados para reconhecer esses sinais e procurar um profissional qualificado."
Outro obstáculo enfrentado pelos superdotados é o sistema educacional tradicional. Segundo Jean Alessandro, o modelo atual muitas vezes ignora as necessidades específicas dessas crianças, adotando uma abordagem mecanicista que não permite que seus interesses individuais floresçam.
"O sistema tradicional impõe conteúdos de forma rígida, sem dar espaço para que a criança manifeste seus interesses e desenvolva sua personalidade ao aprender", explica Jean.
Esse ambiente pode gerar desinteresse e frustração, e até levar a diagnósticos incorretos de transtornos como déficit de atenção ou desordens comportamentais.
O psicólogo reforça a importância de uma abordagem mais flexível no ambiente escolar, que estimule a curiosidade e o talento natural dessas crianças.
"Essas crianças demonstram uma capacidade de aprendizado rápido, um vocabulário avançado e uma profunda intensidade emocional. É crucial que reconheçamos esses sinais para oferecer um ambiente que promova o desenvolvimento saudável", afirma Jean.
Além dos desafios no ambiente escolar, Jean Alessandro também alerta para as dificuldades emocionais frequentemente enfrentadas pelos superdotados. Ele menciona o perfeccionismo excessivo e a dificuldade em lidar com a frustração como problemas comuns nesse grupo.
"Muitos superdotados sentem que não conseguem controlar sua própria motivação e comportamento, o que pode levar a tédio e desistência em diversas áreas da vida, desde atividades escolares até empregos e cursos superiores", explica.
Diante desses desafios, o especialista defende a criação de programas de apoio que ajudem a lidar com as questões emocionais e comportamentais associadas à superdotação.
"Proporcionar suporte psicológico adequado pode fazer a diferença para que essas pessoas consigam explorar suas habilidades sem serem sobrecarregadas pelo perfeccionismo e pela frustração", completa.
Para capacitar educadores e psicólogos a lidarem com as necessidades dos superdotados, Jean Alessandro lançou um programa de formação completa, além de uma pós-graduação em Altas Habilidades e Superdotação. Esses cursos têm como objetivo preparar os profissionais para reconhecer e apoiar os superdotados, enfrentando os desafios metodológicos e de conteúdo de maneira prática e acessível.
"Precisamos de mais profissionais capacitados para reconhecer esses indivíduos e fornecer o suporte que eles necessitam", afirma Jean.
O especialista também utiliza suas redes sociais, onde acumula mais de 180 mil seguidores, para disseminar informações e sensibilizar o público sobre as Altas Habilidades e Superdotação. Ele acredita que promover o conhecimento sobre o tema é essencial para que a sociedade se torne mais inclusiva e preparada para apoiar os superdotados.
"Promover a acessibilidade ao conhecimento é fundamental para uma sociedade mais inclusiva e informada", enfatiza.
Jean Alessandro conclui convidando a sociedade a refletir sobre a importância de reconhecer e apoiar superdotados em todas as etapas da vida. Para ele, ao oferecer o ambiente certo e o suporte adequado, não só ajudamos essas pessoas a alcançar seu pleno potencial, mas também colhemos benefícios como sociedade, aproveitando o talento e a criatividade que os superdotados podem oferecer.
"Ao proporcionar o ambiente correto e o suporte necessário, podemos não apenas ajudar essas pessoas a florescer, mas também beneficiar a sociedade como um todo", finaliza Jean.
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