A alfabetização na idade adequada é uma das principais questões enfrentadas pela educação no Brasil, sendo crucial não apenas para o desempenho escolar, mas para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. Celebrado no dia 8 de setembro, o Dia Mundial da Alfabetização serve de alerta para a importância de garantir que as crianças sejam alfabetizadas no tempo correto, geralmente entre os 6 e 8 anos, faixa etária em que a assimilação de habilidades de leitura e escrita tem um impacto duradouro.
Quando uma criança aprende a ler e escrever na idade certa, ela desenvolve, além do domínio acadêmico, uma série de habilidades que vão muito além do ambiente escolar.
“A alfabetização nesse período é fundamental para a autoestima e para o fortalecimento das habilidades de comunicação. Isso proporciona um efeito cascata positivo em outras disciplinas, já que a leitura e a escrita são fundamentais para a aprendizagem geral”, explicam Ana Barduchi, gerente pedagógica do Grupo Salta Educação, e Helen Assis, coordenadora do Infantil e Anos Iniciais do Colégio Lato Sensu.
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A alfabetização na idade apropriada também desempenha um papel importante no desenvolvimento cognitivo e emocional. Ao adquirir confiança em suas habilidades, a criança passa a desenvolver um pensamento mais crítico, criativo e independente. Em termos emocionais, essa fase é marcada pela construção da autoeficácia, ou seja, a crença da criança em sua capacidade de realizar tarefas e enfrentar desafios, o que impacta diretamente sua convivência social e sua relação com o ambiente escolar.
Apesar da reconhecida importância da alfabetização na idade certa, o Brasil ainda enfrenta obstáculos nesse sentido. Entre os principais desafios estão a formação deficiente de professores, a escassez de recursos didáticos e materiais, problemas de infraestrutura nas escolas e a pouca participação de muitas famílias na educação infantil.
“Há um déficit em políticas que incentivem a leitura e um entendimento mais profundo da importância da educação desde os primeiros anos”, afirma Barduchi.
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Nesse contexto, o Grupo Salta Educação, responsável por uma rede de 26 escolas no país, tem buscado enfrentar esses desafios com uma abordagem contínua e estruturada. Através de programas de formação para professores e de currículos alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o grupo se empenha em assegurar uma alfabetização eficiente e de qualidade.
“Realizamos sondagens diagnósticas frequentes para monitorar o desenvolvimento das crianças e garantir que cada uma tenha a oportunidade de ser alfabetizada no tempo certo”, destaca Helen Assis.
Embora o ideal seja que as crianças dominem as habilidades de leitura e escrita até o final do 2º ano do ensino fundamental, entre os 7 e 8 anos, é importante reconhecer que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento.
“A alfabetização não deve ser apenas uma questão cognitiva. Ela deve levar em conta o lado social, cultural, físico e emocional da criança”, ressalta Barduchi.
De fato, forçar a alfabetização antes do tempo adequado pode gerar uma série de consequências negativas, como o estresse e a sobrecarga. Assim, o processo de ensino precisa ser adaptado para respeitar as necessidades individuais de cada aluno, garantindo que o aprendizado seja significativo e prazeroso. Metodologias que incentivem a curiosidade e a vivência lúdica, como o uso de jogos e plataformas digitais, têm sido ferramentas eficazes para estimular o aprendizado de forma natural e integrada.
Outro ponto fundamental para o sucesso da alfabetização é o envolvimento da família no processo educacional.
“Os pais precisam ser modelos de leitores e escritores para seus filhos”, explica Helen Assis.
Atividades como a leitura conjunta, a contação de histórias e o uso de materiais educativos em casa são práticas que reforçam o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita das crianças.
Criar rotinas de leitura e conversar sobre o cotidiano da criança são atitudes simples, mas que podem fazer toda a diferença na construção de um ambiente favorável ao aprendizado. No projeto "Mundo Lato Literário", do Colégio Lato Sensu, por exemplo, a participação dos pais é incentivada desde 2009, com atividades que envolvem leitura coletiva e a criação de fichas pictográficas para que as crianças possam expressar suas compreensões de forma criativa.
Nos últimos anos, o Brasil tem avançado com políticas públicas focadas na alfabetização, como o Plano Nacional de Educação e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. No entanto, apesar dos esforços, o país ainda enfrenta desafios na implementação dessas políticas de forma ampla e eficaz. Muitas crianças ainda não conseguem ser alfabetizadas no tempo adequado, o que pode levar ao fracasso escolar, evasão e impactos negativos na vida adulta.
“É fundamental que as políticas públicas sejam não apenas implementadas, mas constantemente monitoradas e adaptadas às novas demandas educacionais. A alfabetização é um direito fundamental que não pode ser negligenciado”, comenta Ana Barduchi.
O Dia Mundial da Alfabetização é, portanto, uma oportunidade para educadores, pais e gestores refletirem sobre suas práticas e responsabilidades no processo de ensino. A alfabetização é muito mais do que ensinar a ler e escrever; é um pilar fundamental para o sucesso acadêmico, pessoal e social de uma criança.
“A alfabetização na idade certa é um compromisso compartilhado entre escola, família e governo. Cuidar dos primeiros anos de vida escolar é garantir o desenvolvimento pleno da criança, e, consequentemente, de toda a sociedade”, finaliza Barduchi.
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