Depois de meses falando sobre os Jogos, semanas inteiras assistindo o show dos atletas olímpicos e paralímpicos, torcemos e vibramos com cada conquista, superações e novos recordes, agora o que nos resta é a esperança de um novo ciclo olímpico, mas o que esperar de Los Angeles 2028? Qual o legado deixado por Paris 2024? Com estas respostas encerramos nosso Especial Olímpico.
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024 deixaram um legado profundo, que vai muito além das competições. Mais do que a lembrança saudosista dos nossos atletas no podium com suas medalhas conquistadas, o som do hino nacional tocando para todos ouvirem ou os recordes quebrados, esses Jogos marcaram uma nova era para o esporte mundial, refletindo compromissos com a sustentabilidade, inclusão e igualdade de gênero.
Uma das grandes vitórias desses Jogos foi o foco na participação feminina, com uma representação inédita. Pela primeira vez na história, a paridade de gênero foi atingida, com a mesma quantidade de mulheres e homens competindo. Esse marco, tão aguardado, representa um avanço crucial para o esporte e para a sociedade, ao incentivar e inspirar jovens meninas de todo o mundo a dedicarem-se ao esporte, ao verem atletas femininas no auge de suas carreiras.
Também é importante destacar a organização dos Jogos Olímpicos por oferecer algo inédito e inclusivo, nunca antes visto em edições anteriores: a criação de um berçário na Vila Olímpica. Essa iniciativa, pensada especialmente para as atletas mães, garantiu que elas pudessem competir no mais alto nível, enquanto conciliavam seus papéis como mães. O espaço exclusivo permitiu que essas mulheres amamentassem e estivessem perto de seus filhos pequenos durante todo o evento. Dessa forma, Paris 2024 tornou-se um marco ao reconhecer essa necessidade e proporcionar um ambiente que priorizou o bem-estar e a tranquilidade dessas atletas.
A inclusão do berçário representou um avanço não só no sentido prático, mas também simbólico, ao evidenciar o compromisso dos organizadores com a igualdade e o apoio às mulheres no esporte. Muitas atletas comentaram que essa estrutura foi fundamental para sua performance. Atletas como a canadense Kim Gaucher, que lutou para poder levar seu bebê aos Jogos de Tóquio 2020, viram em Paris 2024 uma conquista importante para todas as mães que precisam equilibrar a maternidade e a vida esportiva.
O impacto dessa medida pode ser visto como uma tendência que deve se expandir em eventos futuros, como os Jogos de Los Angeles 2028, além de estimular uma discussão mais ampla sobre a necessidade de oferecer suporte às mulheres em todos os campos de atuação, mostrando que é possível ter uma carreira de alto desempenho e ser mãe ao mesmo tempo.
O número de medalhas também impressionou bastante, consolidando esta edição como uma das mais competitivas. Países tradicionalmente fortes no quadro de medalhas, como os Estados Unidos, China e Grã-Bretanha, continuaram a dominar, mas vimos emergir novas potências no cenário esportivo, como o Brasil, que teve desempenhos históricos, especialmente em esportes como skate, ginástica artística e marcha atlética. Esse crescimento reflete o desenvolvimento de programas esportivos voltados para crianças e adolescentes, uma mudança que promete frutos ainda mais significativos nos próximos anos.
E o que dizer sobre os resultados paralímpicos? Este sim, foi um espetáculo à parte, mostrando ao mundo não apenas a garra, superação e excelência atlética, mas também o poder da inclusão.
O desempenho dos atletas paralímpicos brasileiros foi excepcional, consolidando o Brasil como uma das potências do movimento paralímpico mundial. Desde os primeiros dias de competições, os atletas brasileiros brilharam em várias modalidades, acumulando medalhas e conquistando novos recordes, com performances marcadas por garra, superação e altíssimo nível técnico.
Um dos destaques foi o atletismo, onde o Brasil tem uma tradição de sucesso, e Paris não foi diferente. Os atletas brasileiros continuaram a dominar provas de velocidade, arremesso e salto, reafirmando o protagonismo do país no cenário internacional, mostrando não apenas o talento individual, mas também a qualidade da preparação, fruto de investimentos em infraestrutura e treinamento de alto nível nos últimos anos.
Na natação, outro esporte em que o Brasil brilha historicamente, os atletas paralímpicos novamente se destacaram. Com um número impressionante de medalhas conquistadas em várias categorias, consolidamos nossa força nas piscinas de Paris. Um nome que merece destaque é Gabriel Bandeira, que continuou sua trajetória de sucesso após Tóquio 2020, trazendo mais medalhas de ouro para o país. As conquistas nas provas de natação são resultado de um trabalho consistente de desenvolvimento da modalidade, que vem sendo aprimorado a cada ciclo paralímpico.
Além dessas modalidades, apresentamos uma performance expressiva em esportes coletivos, no halterofilismo e no tênis de mesa, ampliando sua presença no quadro geral de medalhas, mostrando evolução em modalidades onde antes não era tão competitiva.
A imagem de grandes conquistas, são símbolos de um trabalho que envolve dedicação, investimento e, sobretudo, resiliência. O sucesso dos atletas paralímpicos em Paris é um reflexo de um planejamento esportivo de longo prazo que começou a ser implementado com mais intensidade após os Jogos do Rio 2016 e a expectativa para Los Angeles 2028, é que continuemos a crescer, com a continuidade dos investimentos e o desenvolvimento de novos talentos.
O compromisso com a sustentabilidade também foi um dos grandes destaques deste Jogos, com a construção de instalações permanentes voltadas para o uso comunitário e a promessa de reduzir o impacto ambiental, Paris se comprometeu a sediar os Jogos mais sustentáveis da história e conseguiu, utilizando energia limpa e reciclagem em larga escala, reforçando a importância de eventos globais que respeitem o meio ambiente.
E agora, com o encerramento de Paris 2024, todos os olhares se voltam para Los Angeles 2028. O que esperar desses próximos Jogos?
A expectativa é de que as inovações tecnológicas e a cultura esportiva vibrante de Los Angeles façam dessa edição um marco ainda maior. Além disso, espera-se que a paridade de gênero, a inclusão de esportes urbanos, como skate e surfe, e a valorização dos atletas paralímpicos continuem a crescer.
Com uma trajetória de crescimento no número de medalhas e excelência, especialmente no esporte paralímpico, o Brasil deve chegar forte em 2028, deixando claro que, a partir de agora, o esporte, mais do que uma competição, é uma poderosa ferramenta de transformação social, gerando incentivo e investimento no esporte de base, seja na inclusão de mulheres, no espaço dado aos atletas paralímpicos ou na conscientização ambiental. Paris 2024 nos mostrou isso, e Los Angeles 2028 promete levar esse legado ainda mais adiante.
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*Texto escrito por Juliana Bergamin Vertullo, Professora de Educação Física e Esportes no Colégio Presbiteriano Mackenzie - SP*