O mercado brasileiro de educação básica premium tem se destacado pelo crescimento expressivo e pela consolidação de grandes players nos últimos anos. Segundo um levantamento da Redirection International, especializada em fusões e aquisições (M&A), o segmento de escolas de alto padrão representou 30% das operações registradas no setor educacional nos últimos 12 meses. Foram ao menos nove transações envolvendo instituições bilíngues, internacionais e de ensino diferenciado.
Vinícius Oliveira, economista e sócio da Redirection International, explica que a educação premium no Brasil tornou-se um atrativo para empresas educacionais e fundos de investimento, tanto nacionais quanto internacionais.
"Este é um setor promissor e uma das verticais mais aquecidas no mercado de M&A. Investidores têm se voltado para escolas com modelos pedagógicos inovadores, estruturas bilíngues e histórico de excelência acadêmica", destaca Oliveira.
Continua após a publicidade
Nos últimos anos, o movimento de fusões e aquisições tem se intensificado no mercado educacional brasileiro, especialmente no segmento premium. Grupos nacionais, como o Inspira e o Grupo SEB, têm adotado estratégias agressivas de expansão. Por outro lado, grupos internacionais, especialmente britânicos como Inspired, Nord Anglia e International Schools Partnership (ISP), também têm investido no país, visando consolidar sua presença no mercado.
Um exemplo recente foi a aquisição da Escola Móbile, em São Paulo, pela Nord Anglia, anunciada em agosto deste ano. Na mesma linha, o colégio Pequeno Príncipe Studium, em Goiás, foi comprado pela Inspira no mesmo mês. Além disso, o Grupo SEB completou a aquisição da rede de escolas bilíngues Maple Bear, quatro anos após adquirir uma participação majoritária na operação global da empresa.
Os fundos de private equity também estão atentos ao potencial do setor. Grandes investidores, como L Catterton e Advent, têm se posicionado como peças-chave nas transações. A Mint Capital, que controla a Bahema, e a Warburg Pincus, com participação na Inspired, são exemplos de fundos que têm atuado nos bastidores dessas operações.
A demanda por educação de alto padrão tem crescido não apenas nas principais capitais, mas também em outras regiões do Brasil com alto poder aquisitivo.
"A expansão da educação internacional é evidente fora do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, sinalizando o fortalecimento do mercado nas grandes cidades do interior e em outras regiões com forte potencial de crescimento", observa Vinícius Oliveira.
A resiliência econômica do segmento, combinada com uma demanda crescente por qualidade e diferenciação, tem atraído cada vez mais investidores. Segundo estimativas da consultoria Oliver Wyman, o mercado de educação básica premium movimenta aproximadamente R$ 84 bilhões no Brasil. Dados do Censo Escolar 2023 do Ministério da Educação (MEC) mostram que, em 2023, o número de estudantes em escolas particulares cresceu 4,7% em relação a 2022, alcançando 9,4 milhões de matrículas, superando os níveis pré-pandemia.
Embora o setor privado de educação tenha crescido, ainda há muito espaço para expansão no Brasil. Atualmente, a rede privada representa 19,9% das matrículas de ensino básico no país, percentual menor que o de vizinhos como Chile (63%), Peru (26%) e Argentina (25%), conforme dados do Banco Mundial. Esses números indicam um grande potencial para novas aquisições e investimentos, com a expectativa de que o setor continue a atrair grandes players internacionais nos próximos anos.
Os especialistas apontam que o foco está na aquisição de instituições que oferecem um currículo diferenciado, muitas vezes voltado para um padrão internacional, o que atrai tanto famílias brasileiras quanto estrangeiras em busca de uma educação de excelência para seus filhos. As escolas que oferecem ensino bilíngue e internacional têm se tornado particularmente atrativas para investimentos, dado o crescente interesse das famílias em preparar seus filhos para um mercado de trabalho globalizado.
A tendência é de que o segmento de educação premium continue a ser um dos focos principais para fusões e aquisições, impulsionado pela busca por diferenciação e qualidade no ensino. Grupos como a Inspired, Nord Anglia e ISP devem manter o apetite por novas aquisições no Brasil, acompanhados por um movimento robusto de fundos de private equity que veem no setor uma oportunidade de alta rentabilidade.
“O mercado de educação premium no Brasil combina demanda crescente, margens atrativas e uma resiliência econômica que pavimentam o caminho para mais crescimento”, ressalta Oliveira.
O cenário econômico global e a concorrência entre grupos educacionais prometem aquecer ainda mais as atividades de M&A, com as previsões apontando para um aumento nas transações nos próximos anos.
Com o crescimento da demanda por uma educação diferenciada e o interesse de grandes investidores, o setor de educação básica premium no Brasil se consolida como uma das áreas mais dinâmicas e promissoras do mercado educacional.